Argumentação
Argumentação
Em que
consiste a atividade argumentativa?
Enquanto que as ciências exatas tornam necessário que os seus
conhecimentos sejam acompanhados da demonstração, nas ciências sociais e
humanas e nas ciências da comunicação, os conhecimentos são genericamente
suportados por argumentos. Já no século IV a.C. Aristóteles, o primeiro
pensador a dedicar especial importância a “arte argumentativa”, afirmou
na sua obra Ética a Nicómaco, que “é tão errado pedir demonstrações a um orador
como aceitar argumentos meramente persuasivos de um matemático.”
Argumentar persuasivamente é a forma mais comum de defender aquilo que propomos
ao auditório a quem nos dirigimos, sobretudo porque carecemos de meios de prova
de que, por exemplo, os matemáticos se servem. Se tivermos de aferir
rigorosamente a área de um determinado espaço, não encetamos nenhum debate
argumentativo, basta munirmo-nos dos instrumentos de medida e cálculos
necessários para tal. Já se refletirmos sobre o problema da eutanásia ou da
interrupção voluntária da gravidez, o mais comum é defendermos os nossos
argumentos procurando sensibilizar os outros sobre a bondade da nossa posição.
Argumentar implica estabelecer uma relação entre um orador e um
auditório. Esta atividade não é algo tão incomum ou estranha quanto muitas
vezes se imagina. Em casa, num almoço com amigos, na escola com um professor,
num tribunal, num artigo de opinião ou com uma autoridade policial, de forma
quase inconsciente usamos a argumentação. Nestas circunstâncias,
defendemos os nossos pontos de vista, questionamos, contestamos opiniões, numa
palavra, argumentamos. Não baseamos os nossos raciocínios em
demonstrações, apresentamos sim, bons argumentos, boas razões,
relativamente a uma tese que queremos ver aceite por um público ou auditório
que pode ser constituído por uma ou milhares de pessoas. Argumentar não é
impor, não é um jogo cuja vitória esteja antecipadamente garantida, é sim
defender e tentar convencer com boas justificações os nossos interlocutores.
Isto implica, que enquanto oradores obedeçamos à chamada ética argumentativa,
(ethos) isto é, que sejamos credíveis, honestos e íntegros.
A capacidade comunicativa e concomitantemente a capacidade
argumentativa torna-se requisito essencial de todos nós enquanto oradores.
Devemos dominar bem a língua, ter riqueza vocabular, conjugar bem os verbos,
construir corretamente as frases e ser elegantes no discurso para termos
sucesso na “arte de bem falar” e persuadir os outros daquilo que
defendemos. Se comunicamos bem, significa que expressamos claramente os nossos
pensamentos e os encadeamos de forma simples, e estruturamos bem o nosso
discurso, obedecendo às suas partes essenciais – introdução,
(apresentação do assunto em discussão) tese, (o nosso ponto de vista, o
nosso olhar sobre o assunto) desenvolvimento, (o corpo argumentativo,
exposição de um conjunto de ideias/argumentos, as justificações, as boas razões
para convencer) e a conclusão. (síntese final sobre o essencial do
assunto em debate)
Por fim, o nosso sucesso argumentativo exige também que a
nossa argumentação seja adaptada ao auditório a quem nos dirigimos (à
sua cultura e linguagem) e ao contexto que o envolve. (opiniões, valores
e juízos que o auditório partilha)
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